domingo, março 06, 2005

Sufoco

Entro e varro o bar com o meu olhar vago,
Fixo, estaco, paraliso, congelo,
Vejo-te ao longe a conversar animado.
Batimento falhado, respiração cortada.

Pasmo de loucura e excitação.
Suo levemente das mãos.
Avanço na tua direcção,
Como se fosses luz… e o resto escuridão.

A garganta aperta o teu nome.
O grito de paixão que me sufoca
Só eu e tu… e o resto escuridão.

Sento-me sem desviar o olhar,
Na esperança de que os teus olhos
Cor de Primavera se cruzem com os meus.

São verdes! Cor da harmonia,
Liberdade, equilíbrio e plenitude!
Cor da natureza selvagem,
Intransponível pelo Homem.

Serás tu um animal selvagem?
Decerto! Pois o meu coração é devorado,
Impiedosamente!

Observo o teu cabelo louro
Que te cai graciosamente pela face.
O sol bate-te, replandescendo
A alvura do teu rosto!

Não, animal selvagem não!
Talvez um anjo que me venha justificar
Todas as manhãs de lamentos
E todas as noites de angústias.

Os teus gestos são hipnóticos!
Olho-te, mas não te vejo!
Acendo um cigarro nervoso.
Deverás tu saber que existo?

Termina a conversa,
Olhas para trás numa inspecção
Matinal e rotineira.
Os nossos olhares cruzam-se e detêm-se.
Por fracções de segundo juraria que sabias,
Mas depressa te viraste novamente.


Sonho com esse momento
Todas as minhas noites mal passadas.
Penso no que te diria se algum dia
Tivesse oportunidade de o fazer.

Diria que não me sais do pensamento,
Que não consigo voltar sem te ver,
Diria que te desejo como nunca fui capaz,
E pedia-te um mundo nunca antes explorado.

Um mundo que só nós conhecíamos
E que apenas as estrelas eram testemunhas
Do fogo indomável que manténs acesso.

O ruído e o movimento incessantes do bar
São o pano de fundo de um romance
Em que apenas nós somos as personagens.

Quando te fixo, o tempo pára,
Abstenho-me de tudo o que se passa à minha volta
E guardo religiosamente aquela imagem
Que me acompanha no regresso a casa.

Mergulho na frescura do teu olhar,
Perco-me, desoriento-me, sonho,
Espero, aguardo pacientemente Por um sinal teu!

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Adoro a tua maneira de escrever, o teu sentido perfeito de exteriorizares pelas palavras adequadas as ideias de situações reais ou imaginárias, ou ainda tudo junto. É pena so escreveres poemas sentimentais de uma alma sofrida! E coisas alegres? O teu rasgo de poetiza nao vira para esse lado?

quarta mar. 09, 08:51:00 da tarde  
Blogger Vitor Alves said...

yah é isso...acho k tas no bom caminho...pah o amor nem é smp como nos keremos...e vcs mulheres sois complicadas...lol...fica bem *** ja nem sei kem é mais complicado

quarta mar. 09, 09:58:00 da tarde  

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