terça-feira, abril 08, 2008

Uma Aventura na Loja do CIdadão

Ganhei horror à Loja do CIdadão. Esta consegue reunir todo um leque de coisas que detesto: filas até perder de vista, caras carregadas a cuspirem informações como se estivessem ali por obrigação, papelada até perder de vista, pessoas a ruminarem as suas desgraças e a contá-las para quem queira ouvir, etc, muito etc! Já para não falar nos números das senhas a passarem lentamente, e nas crianças a chorarem desalmadamente, enquanto as mães, desesperadas, tentam sossegá-las.
Um homem, de meia idade, moreno e bastante avantajado na zona da cintura, preenchia um impresso ao meu lado. E, com os óculos na ponta do nariz, pergunta se sabia preencher um campo daquela folha. Disse que não sabia e que o mais acertado seria encaminhar-se a um balcão. E nisto disse-me:
- "Isto é sempre a mesma coisa! Sempre a mesma confusão! Ninguém se entende. Vou trabalhar para o estrangeiro, quando volto ninguém sabe de nada! Cambada de palhaços!"
Sorri: "E só tende para piorar."
- "Isto é uma merda! Só nos querem o dinheiro! Bando de ladrões. Qualquer dia pego numa metrelhadora e rebento com isto tudo". Sorrio ainda mais:
-"Se precisar de ajuda diga!"
- "Não, não obrigado! Eu vou ali ao balcão."

Mas não me estava a referir ao impresso.