quarta-feira, março 01, 2006

Um relato



Uma qualquer energia toma controlo da minha essência, que despoleta o fervor de assimilar avidamente tudo o que se me depara. Vivo das guerras que me dispõe. Sem elas não sou ninguém. Sou mais uma marioneta, sem motivos que oliem as engrenagens.
Houve alturas em que julguei que o destino me estava indicado por painéis luminosos intermitentes. Perdi o alvo, baixei a guarda, baixei a cabeça. Eu moribunda, desmaterializei-me em essência.
Um abanão afugentou-me a dormência da mente e a ferrugem dos membros. Estalou uma das piores guerras alguma vez conhecidas, a que começa dentro de nós. Quase impossível de ser ganha é um facto, mas é apenas uma razão para me afincar no tiro. A força por si só não é suficiente, a pontaria traz sempre agravante à fatalidade do decorrer das coisas.
Foi-me injectado qualquer substância tóxica traduzida numa vontade de querer, de dizer, de desferir golpes àquele que se oponha, de gritar aos quatro cantos do mundo a minha morada para que venham bater-me à porta. Caso contrário, irão fazer-me levantar e ir eu ter ao se encontro.
Fervilho por dentro por saber que há batalhas a serem travadas e que, por questão de princípios, não posso contribuir. Fico no banco a observar o jogo, ainda não refeita de uma lesão muscular, e sei que só posso entrar dentro das quatro linhas quando me fôr dito. Cartões amarelos, passes longos, remates seguros, substituições de última hora. E o apito final. Volto para casa a imaginar o que faria se me passassem a bola para os pés.



Pois, parece que vou ter de ser eu a ir buscá-la!

2 Comments:

Blogger Sophie said...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

quarta mar. 01, 11:31:00 da tarde  
Blogger Sophie said...

Se calhar se fores tu buscar o esférico deixarás uma parte do campo disponível para o adversário... ha que medir as antecipações pq podem sair caras neste caso, num golo sofrido... Pensa no que será melhor...sofrer um golo ou ter paciência e marcar um de mais longe?

quarta mar. 01, 11:33:00 da tarde  

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