O meu Pessoa
Estes últimos dias têm passado a correr. A necessidade de correr o mundo de lés a lés tem surtido efeito. Caras novas, programas diferentes, mais calor, dias solarengos, outros temas de conversa, nos entanto, as mesmas peocupações.
Não consigo estar parada e muda um só minuto. Virei apologista da tese “Há-Sempre-Alguma-Coisa-Para-Fazer” para não tropeçar em melancolia e tudo o que arrasta consigo.
E chega a melhor parte do dia! Duzentos abdominais e quarenta e cinco flexões, quatro sprints puxados e uns quantos movimentos, fazem com que se liberte energia de magnitude relevante, que poderia, eventualmente, fazer estragos. Naquela hora, eu vivo para as quatro paredes, lá fora é ermo. O ritmo lapida a minha disposição e o calor do jogo obriga-me à concentração do balanço sincronizado com a atmosfera.
Neste momento estou a escaldar do meu braço direito, única parte do corpo exposta ao sol agressivo da esplanada.
Levanto a cabeça do papel e observo, por minutos, os carros a arrancarem no semáforo à minha direita. “Dor de pensar” já dizia aquele génio da demência, louco pelo absoluto, insatisfeito com a totalidade. Não me admira que tenha tido um desfecho infeliz. Poucos são aqueles que acompanham e entendem e, muito menos Pessoa no seu expoente máximo.
Era agora que me dirigia ao largo do Chiado, sentava-me na Brasileira, ao lado de um homem magro, de fino bigode, de olhos pequenos por detrás de uns óculos apoiados num nariz adunco. Pedia uma bica, acendiamos um cigarro e falávamos sobre o inantigível, sobre a transladação da Terra, sobre tudo o que era inexplicável, arranjávamos teorias, destruiamos outras, reconstruíamos o mundo á nossa imagem. Pelos vistos cheguei umas quantas gerações atrasada.
5 Comments:
Já seríamos 3...:o)
Eu apenas dispensava o cigarro...:p
Fica bem!
Bjs
Tb tu finges?
Belo blog....simplesmente irresistivel...
Never_Born: quem não o fax? ha alguem que seja 100% transparente?
E bem hajam akeles k pelo menos o reconhecem... :)
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