sexta-feira, maio 26, 2006

Que dia...

Eis uma reflexão no open space da faculdade. isto de me deixarem a aguardar por boleia deixa-me um tanto quanto angustiada. Tenho necessariamente de fazer alguma coisa, de colocar mp3 nos ouvidos , de bater teclas desaustinadamente, sem sequer supor como irá acabar o texto. Pois, eis uma situação muito semelhante.
Terminei a aula mais cedo e refugiei-me na salinha dos monitores desalinhados para, aí, me distrair. Eu não me posso fixar em ideias, apesar de as respeitar e admirá-las pelo que, simplesmente, representam. E tanto.
Hoje, mal acordei, fui ter com pessoal do grupo de capoeira para passarmos a manhã em Carcavelos. Treinámos uns movimentos e fomos, logo de seguida, ao mar que hoje, o calor estava insuportável. Diria mesmo aflitivo! Ou seja, custou-me sair da praia as 2.30 da tarde, como podem calcular. Tudo, porque tinha um directo jornalístico para simular. E fi-lo.
Nem tive tempo de passar por casa, nem para um chuveiro rápido. Ainda estou com o sal todo na pele a criar-me uma comichão danada. Já para não falar da areia.
E, como ainda não chegasse, estou à espera da dita boleia para o treino. Aguardo o combinado toque, com esperança de que não se tenham esquecido de mim.
Vou chegar morta a casa, sem dúvida!
Mas mantive-me ocupada...

(toque)

Fui...

domingo, maio 21, 2006

Resignação


Puxo de um cigarro. Afasto-me da mesa do costume, sempre recheada dos mesmos alvoroço e agitação. Cada vez mais tenho sentido necessidade de arranjar tempo só para mim.
É já a terceira vez consecutiva que Ele me tira o tapete dos pés, os quais pensava estarem cada vez mais assentes. Em substituição, encosto-me a um muro e deixo-me levitar por todo o tipo de sensações que tenho tido como bloqueadas até então.
Às vezes a pessoa acaba mesmo por se esquecer de aceitar as coisas como elas se apresentam. Teimam-se e prescruta-se e questiona-se e refuta-se e esquiva-se e desmente-se e... e... e... e o facto ou o juízo não deixa de lá estar. É tão mais fácil, talvez um pouco de coragem diga-se, aprender a constatar um facto e aceitá-lo como é, do que correr o meio mundo e raspar com a cabeça pelas paredes para vêr se conseguimos avistar algo mais nítido.
“Conversa académica!” dizem-me. Para além disto me ter soado como uma palmadinha amigável nas costas como quem diz “sim filha, não me venhas com essas conversas, que isso é muito bonito, mas respeita a experiência dos mais velhos”, adianto que é nesta etapa da vida de uma pessoa, aquando teoricamente se aspirariam ideais.
- ‘Qué que ‘tás aí a fazer? Bora pó pé do pessoal!”
(Suspiro).

segunda-feira, maio 15, 2006

Rio Bravo



Terás tu esquecido aquilo
Que nos uniu?
Aquela noite fria,
A lua iluminava fraca,
A chuva sempre iminente
Um lugar que te diz tanto
E que a mim passou a dizer.

Pões-me as mãos nos ombros,
Aconchegando-me aos teus braços.
As palavras foram morrendo,
Passando a sussuros.
E enfim, a aproximação fatal
Que me trouxe aquilo que sou.
Tudo morrera em redor,
Turvaram-se-me os sentidos
E entreguei-me ao desconhecido
Naqueles segundos!

E, aí sim, o primeiro suspiro.
O primeiro seguido de tantos outros,
Que só Deus saberá quando será o último.

Se tu soubesses o que essa noite
Significa para mim...
Os nossos caminhos divergiram.
Caminho novamente na margem oposta,
Mas a vêr-te caminhar do outro lado.
Caminho ao teu lado, vês-me?
As chuvas sazonais fizeram com que
O rio transbordasse.
A água corre turbolenta e lamacenta,
Árvores foram arrancadas,
Animais arrastados pela força da corrente.
E caminhamos apenas com um rio entre nós
Que corre com toda a sua fúria,
Com toda a sua força e implacabilidade.

Próximo passo:
Factos ou emoções?
O que é mais importante?
O que será mais correcto?
A melhor escolha para mim?
Egoísmo, orgulho, carinho,
Saudade, raiva, vingança,
Prudência, teimosia, amizade,
Inconsciência, desafio, segurança,
Confiança, desapontamento.
Os peões voltaram a mover-se

E desta vez ataco o rei.


26/11/05

quinta-feira, maio 04, 2006

Guitarra



Guitarra, chora por mim
Que nem forças tenho já!
Dedilha a dor que paira aqui,
Arranca as notas do aperto.

Quero abraçar o teu espírito,
Desprende-me com as tuas cordas
Grita!
Revolta-te!
Impõe-te...
... que já me não restam forças.

Como te odeio.