segunda-feira, março 28, 2005

The greatest thing...

Entrei na corrida desenfreada dos impulsos passionais, desliguei de olhares presunçosos e opiniões inválidas e irrelevantes. Pois bem, vivo a tentar compreender o desiquilibrio natural das coisas, vivo de uma perseguição exaustiva àquilo que não me faz enquadrar no panorama normal dos factos.
À medida que fui crescendo, tudo o que me circundava foi mingando. As pessoas parecem-me agora mais frágeis, mais assustadas, pálidas, e sem UM ÚNICO sorriso naqueles rostos despersonalizados, … bem… e os que sorriem não estão, infelizmente, na total capacidade das suas faculdades… o que me entristece ainda mais!
São como rochas numa praia deserta, a serem desgastadas pelo mar e sem lhe puderem sentir o sabor.
A vida desgasta-nos irreversivelmente, é um facto irrefutável. Mas que poderemos fazer antes de chegar a completa erosão? Muito bem, é aqui que entra o sabor salgado do mar, algo que condimenta a nossa vida, que nos estimula para fazermos cada vez mais, que nos move e nos sensibiliza…: PAIXÃO meus senhores!
Não estamos a falar do mero desejo carnal (não o despindo de qualquer interesse), mas sim da dedicação com que fazemos as coisas, de como falamos com as pessoas, de como tocamos no ombro de um amigo, …
Portanto amigos, riam-se, bebam, dancem, conversem, mandem calinadas, beijem, divirtam-se, trabalhem, corram, leiam, façam a sesta, gritem, escrevam, abracem, cantem, declarem-se, orgulhem-se, façam merda, mas SEMPRE com paixão, pois só com isso é que nos dá realmente gozo viver!!

domingo, março 20, 2005

À tona de água

Passei grande parte da minha vida a viver cada dia como se fosse o último, mas muitas vezes olho para trás e sinto que certas e determinadas situações se me escapam por entre os dedos. Pensamentos fugazes que nos fazem parar no decurso de uma vida aparentemente normal. Contemplamos o curso alternativo das coisas com pena de nós próprios… Cerramos os punhos e olhamos em frente de queixo levantado, por muito que a vontade seja mesmo chorar.
Como é terrível sentirmo-nos impotentes e ignorantes quanto àquilo que se nos depara e, só mais tarde, pararmos algures numa ruela escura e degradada… vazia, e notarmos que íamos na direcção contrária. Estar na margem errada, e assistirmos a tudo aquilo que podia ser nosso precisamente na margem oposta.É nestas ocasiões que grito desenfreadamente pelo meu orgulho, pela minha máscara indiferente, a minha tábua de salvação num mundo frio, confuso e calculista, no qual aprendi a viver… ou sobreviver!

domingo, março 06, 2005

Sufoco

Entro e varro o bar com o meu olhar vago,
Fixo, estaco, paraliso, congelo,
Vejo-te ao longe a conversar animado.
Batimento falhado, respiração cortada.

Pasmo de loucura e excitação.
Suo levemente das mãos.
Avanço na tua direcção,
Como se fosses luz… e o resto escuridão.

A garganta aperta o teu nome.
O grito de paixão que me sufoca
Só eu e tu… e o resto escuridão.

Sento-me sem desviar o olhar,
Na esperança de que os teus olhos
Cor de Primavera se cruzem com os meus.

São verdes! Cor da harmonia,
Liberdade, equilíbrio e plenitude!
Cor da natureza selvagem,
Intransponível pelo Homem.

Serás tu um animal selvagem?
Decerto! Pois o meu coração é devorado,
Impiedosamente!

Observo o teu cabelo louro
Que te cai graciosamente pela face.
O sol bate-te, replandescendo
A alvura do teu rosto!

Não, animal selvagem não!
Talvez um anjo que me venha justificar
Todas as manhãs de lamentos
E todas as noites de angústias.

Os teus gestos são hipnóticos!
Olho-te, mas não te vejo!
Acendo um cigarro nervoso.
Deverás tu saber que existo?

Termina a conversa,
Olhas para trás numa inspecção
Matinal e rotineira.
Os nossos olhares cruzam-se e detêm-se.
Por fracções de segundo juraria que sabias,
Mas depressa te viraste novamente.


Sonho com esse momento
Todas as minhas noites mal passadas.
Penso no que te diria se algum dia
Tivesse oportunidade de o fazer.

Diria que não me sais do pensamento,
Que não consigo voltar sem te ver,
Diria que te desejo como nunca fui capaz,
E pedia-te um mundo nunca antes explorado.

Um mundo que só nós conhecíamos
E que apenas as estrelas eram testemunhas
Do fogo indomável que manténs acesso.

O ruído e o movimento incessantes do bar
São o pano de fundo de um romance
Em que apenas nós somos as personagens.

Quando te fixo, o tempo pára,
Abstenho-me de tudo o que se passa à minha volta
E guardo religiosamente aquela imagem
Que me acompanha no regresso a casa.

Mergulho na frescura do teu olhar,
Perco-me, desoriento-me, sonho,
Espero, aguardo pacientemente Por um sinal teu!

sábado, março 05, 2005

Devaneios

Sento-me,
Tento reflectir,
Respirar fundo,
Para me descontrair.
Cansei de adoptar hipóteses,
Demasiados "ses" condicionaram já a minha vida.
Decidi enfrentar-te de uma vez por todas.
Erguer, manter-me firme, mas...
Com um olhar desarmas-me...
Com um sorriso aqueces-me...
Só ao toque arrepias-me,
Com um beijo...
Ridículo? Talvez... não o sei...
Mas no turbilhão de luzes e sons,
De casualidades e devaneios,
Surges tu incólume e incandescente.
Despes-me da naturalidade,
Contemplas o âmago da minha atrapalhação,
Tento esconder-me para a não denunciar,
Impedes-me... e não ofereço resistência...
Estremeço... recuo...
Como irei arrancar certezas tuas
Se sofro pela ausência das minhas?