quinta-feira, fevereiro 07, 2008

Resignação


Na recta final de mais um capítulo importante da minha vida. Como quatro aninhos passam a correr. E a minha maior angústia é que, por muito que tivesse aproveitado, tenho a impressão que poderia tê-lo feito muito mais.
É o desejo mais íntimo do Homem desde que se conhece. Eternizar, fazer perdurar um momento no infinito do tempo. Mas nunca será assim. Pelo menos para aqueles que não se deixam enganar, e não se fecham no seu mundo revivendo memórias. Abraçar sombras do que outrora fora dado como certo.
Alguém me falou um dia: resignação. Um encolher de ombros cansado, seguido de um suspiro amargo, com travo a frustração. Por sermos seres sedentos de conquista, do Perfeito, a resignação acaba por nos andar no encalço a cada dia que passa. Ela está no dobrar de uma esquina, numa mesa de um café, dentro de uma sala de aula, num olhar às vezes.
E falo em resignação e não em desistência que, apesar do dicionário as apontar como sinónimos, na minha ideia são bastante diferentes. Sei que, para alguns de vocês, isto não terá muita lógica, mas a própria lógica, nestes dias em que vivemos, já não faz muito sentido. E o próprio sentido foi igualmente transfigurado, e aí por diante. Isto é, nada é, nem pode, ser dado como certo. A aparente evolução abafa uma regressão desaustinada. E, quando dermos por ela, será quando ouvirmos o eco daquilo que mais prezamos a bater no fundo.
É a este mundo que terei que me preparar para ser lançada. Terei de viver e abraçar as sombras dos outros para conseguir subsistir no mundo dos cegos? Terei de acreditar e pregar o seu sermão para ser aceite? Estará o mundo tão egoísta e estupidamente homogéneo que não possa aceitar “como se é”, em detrimento do “deveria ser”? Estarei preparada para me esquivar de golpes de mesquinhez envernizada? Irei resignar-me a viver a verdade dos outros? Tenho as minhas dúvidas.
Desistir? Era morrer!!