quarta-feira, maio 25, 2005

"Sonho"

Aqui está um texto com o qual concorri num concurso literário no meu 10º se bem me recordo e que, aliciada por um dos muitos textos de um amigo, decidi posta-lo com a mesma inocência com que foi escrita!
Aqui vai...
Fecho a porta de casa aspirando o ar nocturno e fresco, contente por me ver livre da pesada atmosfera que se encontrava até então em casa, provocada por uma forte e acesa discussão com os meus pais. Sinto o forte cheiro a terra húmida e uma brisa abafada que me acaricia levemente a face.
Atravesso a rua, metendo-me num pequeno pinheiral existente à frente de minha casa, fracamente iluminado pelos escassos postes de luz.
Olho para o céu procurando entreter-me com as estrelas que, naquela noite de Inverno, apresentavam-se mais frias que a própria lua. Lua esta que se encontrava escondida por de trás de uma densa cortina de neblina.
Não avistando ninguém, puxo de um cigarro e levo-o à boca. Procuro isqueiro estranhando tamanha nostalgia em que me encontrava. Ao expelir o fumo, sinto-me confortada numa espécie de liberdade, ainda que limitada e condicional.
Sento-me num banco de jardim e, sentindo-me aconchegada, medito sobre as coisas que realmente me fazem feliz, Coisas que não se compram com todo o dinheiro existente no mundo. Imaginei, nitidamente, as caras sorridentes dos meus amigos, recordando os bons momentos por que passamos juntos. Sorria estupidamente, recordando os momentos bizarros por que passei e dos quais não me queria, nunca, esquecer, Pois são estes breves momentos e banais para alguns, que nos dão uma forte razão para viver, para continuar a lutar por aquilo que ainda não conseguimos atingir, talvez a perfeição de uma vida sem preocupações, conflitos, discriminações e receios.
Suspiro. Um suspiro longo e profundo, agradecendo a todos aqueles que me fazem sentir desta maneira, que confiam em mim, que me alegram nos momentos mais difíceis.
E haverá um dia em que terei a oportunidade de o fazer pessoalmente.
Obrigada, amigos, por tudo aquilo que me fizeram e me fazem sentir. Devo-vos aquilo tudo que sou, tudo aquilo que tenho. E, embora muitas vezes não pareça, agradeço-vos do fundo do coração pelo simples facto de me terem ouvido, compreendido, aconselhado, encorajado e, muitas vezes, também, discutido, gritado, zangado pois são vocês, amigos, que vão moldando a minha integridade, a minha personalidade e, logo, a minha vida.
Obrigada, amigos, pelo belo sonho que estou, e espero continuar para sempre, a sonhar…

segunda-feira, maio 16, 2005

Obrigada

A sugestão de colegas e amigos que leram este blog em escrever algo mais positivo, tentarei afastar a neblina envolvente e olhar para o mundo com olhos de deuses, e não com os de um pobre desafortunado que se contenta exclusivamente com as ironias e coincidências do destino.
Farei os possíveis para passar para o papel a minha visão positiva da vida. No entanto, e quem escreve decerto que compreenderá, a inspiração não vem apenas quando aclamamos por ela. Vem sim de uma forma espontânea, como se de alguma necessidade se tratasse, o desespero pelo prazer de sentir a tinta a correr num arranhar miudinho.
Agradeço antes de mais a força e os comments que têm postado, pois o mais gratificante para além de se fazer aquilo que se gosta, é saber que o nosso trabalho é valorizado!
Obrigada a todos!

domingo, maio 01, 2005

Força Gravitacional

Olho em frente e vejo tudo a desmoronar-se diante dos meus olhos, o sentimento de inutilidade alastra-se pelo meu corpo e consome-me o pensamento. A vontade de fugir de tudo aquilo que me prende com grilhões de ferro ao senso-comum, à insensibilidade, e ao egoísmo, é cada vez maior.
Estou cada vez mais preparada para gritar por compreensão, apenas o suficiente para ecoar nos quatro cantos do mundo. Mundo consumista, onde até se inveja o ar que se respira e se cobiça o solo por onde se passa, onde os sentimentos se compram e a hipocrisia reina… e eu só peço uma oportunidade para apostar naquilo que irá, qui ça, contribuir para a minha tranquilidade de espírito e estabilidade emocional, para a minha ascendência transcendental.
Olho constantemente para o infinito, viajo pelo espaço, corro com cometas, seduzo estrelas, vivo no vácuo! E nesta viagem que tomaria por interminável, senti-me a ser puxada por uma qualquer força gravitacional, fui atraída por um planeta desconhecido: Um planeta com o qual me intriguei logo desde o início, um planeta que irradia uma luz contagiante, uma fragrância enlouquecedora…
Depois de tantas voltas orbitais, arrisquei por momentos aproximar-me até sentir o calor excessivo a queimar-me a pele. Continuei a avançar sem olhar para trás, sentia-me a arder a cada centímetro que atravessava a imensa atmosfera. Fechei olhos diante do encandeamento que me foi provocado pela luminosidade desmedida deste astro. Já sem forças, fui caindo finalmente sem conseguir abrir os olhos, o corpo dorido adormeceu na queda, como um naufrago que estaria finalmente chegar a costa de terra desconhecida depois de ter nadado contra a corrente durante tempo indefinido…