terça-feira, fevereiro 28, 2006

O futuro não existe


O futuro não existe. O futuro cria-se. É um conjunto de átomos que se aglomera e se materializa naquilo a que chamamos presente. São pequenas partículas que, em consequência de decisões, comportamentos e atitudes, ou mesmo nenhum deles, se condensam e constroiem, originando aquilo a que chamamos realidade.
Tudo o resto são meras projecções, meros desejos de que esses bichinhos microscópicos nos revelem o pretendido.
O futuro é o atafulhar do presente em consequência do passado. É o que nos faz governar, sim!
E se comandassemos o tempo? Creio que a pessoa que se visse dotada de um “rewind” e de um “forward” era abençoada e maldita em triplo. E de um “stop”? Muito menos.
Sou unicamente a favor do “record” em virtude de uma memória gráfica, logo, de uma aprendizagem.

sábado, fevereiro 25, 2006

Gotinha



Gotinha, gotinha, porque corres tu
Se Deus não te deu pernas?
Gotinha, gotinha, porque deslizas tu
Se não te foi consentido?
Gotinha, gotinha, de que serves tu
Se nem os males remedeias?
Para que serves?

quinta-feira, fevereiro 23, 2006

Que vem lá?



Dia chuvoso e enevoado.
Tudo está triste (tudo o é de facto).
Os prédios mirram e os rostos vergam,
Os dedos enregelam e os dentes batem.

E eis que se avista brecha!
Sim, um fio dourado toca a terra
Finalmente!
Único ponto de união entre o Aqui e o Ali.

Vento atrofiante apaga o clarão.
Os galhos secos entrelaçam-se entre si.
Não há corpo que irradie calor.
Agasalha-se e abanca na pedra fria.

Um arco maravilhoso corta o cinzento,
Abrançando dois pontos opostos no horizonte
E que goteja tinta, manchando alegremente
A tela suja e enegrecida pelo tempo.

Mas o arco cai e parte-se em infindos bocados de vidro,
A luz pintada escorre e evapora.
Tudo carece e se esbate, mas ela espera
Confiante de uma próxima jorrada de vida.

sexta-feira, fevereiro 03, 2006

Flutuo


Aqui está uma música linda que aconselho aos leitores ouvi-la! Sou esquisita q.b. em relação à música portuguesa, mas admito que canções como esta é de "repeat". Coloco-vos aqui a letra. Não sei se a construção estrófica é disposta desta maneira, mas como não encontrei a letra, teve de ser de ouvido.



Flutuo
Consigo deslindar o meu gosto,
Sem esforço.
Balanço é o que a maré me dá,
E eu não contesto.
O meu destino está fora de mim,
E eu aceito.
Sou eu despida de medos e culpas,
Confesso.

Hoje eu vou fingir que não vou voltar
Despeço-me do que mais quero
Só para não te ouvir dizer
Que as coisas vão mudar amanhã

Flutuo
Consigo deslindar o meu gosto,
Sem esforço.
Balança é o que a maré me dá,
E eu não contesto.
Amanhã pensar nisso,
Sempre me dá mais jeito.
Fazer de mim pretérito mais que perfeito

Hoje foi fingir que não vou voltar,
Despeço-me do que mais quero.
Só para não te ouvir dizer
Que as coisas vão mudar amanhã
Amanhã...

Hoje eu vou fugir,
Para não me dar a vontade de ser tua.
Só para não me ouvir dizer,
Que as coisas vão mudar amanhã.
Amanhã...
Amanhã...
Flutuo...


Susana Félix